terça-feira, agosto 28

Jornalismo de futuro

Muito bom este texto da Maristela Bairros publicado no Coletiva. Reflete e condensa o que eu vinha pensando já há algum tempo. Vale a pena pra pensar que as vezes os jornalistas acabam assim mesmo, vide o Pedro Bial no Big Brother.

17/08/2007
As meninas de meia-idade do Jô
Lucia Hippolito, Lillian Witte Fibe, Ana Maria Tahan e Cristiana Lôbo são, agora, As Meninas do Jô. Não é lindo isso?
Anos e anos de investimento em universidade, cursos, luta por escalar o Everest dos jornalismos econômico e político para terminar numa bancada com um ex-humorista que se jura jornalista e mais: calar a boquinha e ficar quietinha, bonitinha, sempre que o tio bater o martelinho na mesa exigindo silêncio!
A inércia dos chamados talk-shows já, há tempos, ultrapassou a fase do bocejo do telespectador para cair no terreno da irritação. Nem David Lettermann dá para aturar mais, em que pese a tentação de ver um astro milionário de cinema dar vexame no programa.
Fernanda Young é o exemplo acabado de idéia de jerico mal-executada em Irritando a própria. Astrid Fontenelle, com o desgaste de um programa diário, tenta, e nem sempre consegue, tornar menos chato o seu Happy Hour.
As emissoras insistem em rechear as grades de programação, em horários de menor Ibope, com conversa fiada que vai de nada a lugar nenhum, vide Saia Justa que, de tanto mexer no time (em vez de mexer na produção), passa a nítida impressão de que as personagens rezam para acabar logo o programa – Márcia Tilburi deixa a bolsa, a seu lado, no sofá e já revelou que coloca as roupas do figurino por cima das suas. Ou seja: interesse por levar a sério o trabalho – na real, um bico para as “convidadas” – parece não importar. Agora, vem essa idéia miserável de As Meninas do Jô.
Segue a ciranda: na quarta, dia 15, até o penúltimo bloco – não tive paciência para ver o último – foram mais de cinco assuntos jogados fora. Ou o anfitrião interrompia o quase-raciocínio para uma piada infame, ou enfiava outro tema no meio da conversa. Nada conclusivo, nada substancial.
Uma correria besta para vencer pauta, chamar comercial e tentar dar “leveza” aos temas, com intervenções impertinentes.
Do Jô, nada se estranha. Quatro cadeiras para seu ego são insuficientes e ele está ali para manter a vitrina (uma sorte que Chico Anísio não teve) que dura 19 anos, marca que ele fez questão de assinalar dia 15, com constrangedores agradecimentos à emissora que, na verdade, o vê como apenas mais um capaz de atrair (ainda) anunciantes.
Mas ver jornalistas de meia-idade, competentes, consagradas, queimando o filme e se deixando infantilizar diante de todo o Brasil é triste e patético. Só falta, agora, a produção providenciar saias-rodadas, meia soquete e sapatinho de verniz e fazer trancinha e maria-chiquinha nos cabelos das senhoras. Ou melhor, das “meninas” que, ao final de cada participação, devem ganhar, nos bastidores, um pacote de balas de goma por seu bom comportamento.
Pior que elas, só mesmo Derico e as paródias.
Pensando bem, é melhor ver Gasparetto. Muito mais comunicador! E não tem meninas nem meninos pra lhe servir de escada.

2

  • Oi Gabriela, sempre dou uma passadinha pelo teu blog pra dar uma conferida. Venho sempre o Alma da Geral, do Vespo ou do Gaia Guria... Gosto do jeito que tu escreve sobre os temas.
    Sobre o post, realmente é lamentável...
    Mas tudo naquele programa é lamentável, até a maneira como ele trata os entrevistados... O melhor que se tem a fazer é não assistir aquele prepotente.

    Abraço

    Por Blogger Rica Retamalas11/9/07 18:08  

  • gabriela, atrasada da silva, venho agradecer a citação no teu blog.
    um abraço grande
    maristela
    estou te linkando

    Por Blogger ninguémas23/9/07 23:59  

Postar um comentário

<< Home