sexta-feira, fevereiro 29

DINO AMIGO




Feito sob medida para mim aos cinco anos, minha mãe o fez com uma fronha e espuma em flocos. Um travesseiro de adulto para uma cabeça tão pequeninha. Já, hoje em dia, parece pequeno se for comparado com os demais.
Recebeu um nome como os demais objetos infantis: Dino, por razão até hoje desconhecida. Companheiro de anos (lá se vão 14), não só dos sonhos ou pesadelos, como das lágrimas de tristeza e aflição, de brigas ou frustração.
Tão duro dormir sem tua maciez. É sempre em teu ombro amigo que minha cabeça encontra amparo quando procuro solução para todo e qualquer tormento.
Sem dúvida, é ele o meu melhor conselheiro, parceiro de confidências. E nas noites em que o sono custa a chegar meu amigo que parece recheado de lembranças me leva de volta ao passado. Às tardes em que o Sol convidava a brincar, havia que ficar de cama até a febre baixar. Foram tantas as tardes que, até hoje, há marcas cor de morango, como pintas de catapora, dos xaropes contra tosse em tua pele alva.Não tenho idéia de por quanto tempo ainda ficaremos juntos, silencioso companheiro, mas desejo que seja infinito enquanto dure. Pois será um tanto triste ter que dormir com um estranho, um que não me conhece e que nem sequer entenderia a causa da angústia dessas separações. (26/09/99)

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